quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Aula 7 - A estrutura e a função da comunicação na sociedade: Harold D. Lasswell, 1948

Lasswell se preocupa com o estudo científico do “ato de comunicação”, independente de se tratar de uma forma interpessoal ou mediada. Seu esquema desenvolvido é:


Quem -> Análise de controle

Diz o quê -> Análise de conteúdo

Em que canal -> Análise de meios

Para quem -> Análise de audiência

Com que efeito? -> Análise de efeito


Funcionalismo:

O autor se preocupa em examinar quais as funções dos meios de comunicação nas sociedades. Essas funções seriam as seguintes:

1) Vigilância sobre o meio ambiente

2) Correlação entre as partes da sociedade

3) Transmissão da herança social


As idéias de Lasswell são derivadas da biologia. Para ele, qualquer ser vivo necessita da comunicação para manter-se equilibrado com o meio ambiente. Os seres vivos recebem estímulos externos e os processam de maneira a garantir o funcionamento de suas partes especializadas. Ex: o olho.

Nas sociedades também há uma especialização de funções; Há por exemplo, os “sentinelas” que avisam o grupo sobre qualquer mudança no ambiente a fim de organizar as reações.


Nos países:

1) Meio externo (Diplomatas, adidos e correspondentes estrangeiros).

2) Meio Interno (editores, jornalistas)

3) Transmissores (educadores)


Os estímulos vindos da comunidade internacional são transmitidos (com perdas e transformações) pelos especialistas nos meios externos aos editores e jornalistas, que os retransmitem a população: a comunicação funciona como um “sistema nervoso”.

Além dessas grandes linhas de transmissão, parte das comunicações ocorre de forma autônoma, no interior do “organismo social”. “Ocorrem dentro das famílias, vizinhanças, lojas e outros contextos locais”.


A comunicação, ainda, não ocorre num único sentido. Os “estímulos” em uma conversa pessoal são emitidos e recebidos por cada um dos “parceiros” alternadamente. Já nos meios de comunicação de massa, há uma demora maior entre o estímulo e a resposta “social”, sendo que essa pode ser recebida pelos controladores dos meios através de pesquisas, por exemplo.


Os estímulos também podem ser modificados pelos “manejadores” de mensagens, como os jornalistas.


E A INTERNET? Superação da comunicação de massa?


Os Valores


Enquanto nos organismos vivos e nos animais, o estudo da comunicação pode, no máximo, sublinhar as formas de “necessidade”, nas comunidades humanas, é possível desenhar os “valores” envolvidos. Lasswell pensa os “valores” como “categorias de objetos que produzem satisfação”; “È possível estabelecer uma lista de valores presentes em qualquer grupo selecionado para estudo. Ademais, podemos descobrir a hierarquia na qual são procurados esses valores”: poder, riqueza, respeito, bem-estar, esclarecimento...

As instituições (a comunicação entre elas) são formas especializadas de transmitir, hierarquizar e distribuir valores sociais.

O poder e o conflito social


A comunicação tem, para Lasswell, uma função específica de “preservação do poder”, sendo que as “elites” realizam esforços de vigilância e censura nos âmbitos interno e externo.


A eficiência


Toda a teoria de Lasswell tem como objetivo a construção de ferramentas para uma “comunicação eficiente”. Essa seria pensada como uma resposta efetiva e programada na construção e transmissão de valores. “Uma das tarefas de uma sociedade racionalmente organizada consiste em descobrir e controlar quaisquer fatores que intervenham na eficiência da comunicação”. A ineficiência pode ser provocada por deficiências técnicas (interferências), restrições deliberadas (censura) ou por “ignorância” (falta de conhecimento na codificação/interpretação das mensagens). Lasswell cita também a “irrelevância” como fonte de ineficiência da comunicação.

No fundo, qualquer marca de personalidade, intencionalidade, história de vida, opinião etc, é vista por Lasswell como algo que diminui a “eficiência da comunicação”. Quanto mais impessoal e objetiva, mais eficiência terá.

As pesquisas em comunicação, portanto, deveriam ser (e foram) guiadas para a elucidação das condições que diminuem a eficiência (condutibilidade, não-condutibilidade, condutibilidade modificada);


Agregado de atenção –> público


Outra interessante conceituação de Lasswell é a diferença entre “agregado de atenção” e “público”. O primeiro é todo individuo exposto à comunicação em uma determinada área que considere “sua” (paulistano, brasileiro, latino-americano etc). O segundo não é apenas o indivíduo exposto à comunicação, mas aquele que “desenvolve a expectativa de que aquilo que ele quer pode afetar a condução da vida pública”. O público é o conjunto de indivíduos que altera e constrói a hierarquia de valores da sociedade.

O alvo de Lasswell é a “opinião pública”: a comunicação só pode colaborar para o desenvolvimento de uma nação se ela fomentar uma discussão esclarecida no âmbito da opinião pública. É necessário, para uma sociedade democrática, que a comunicação permita uma convergência entre a opinião do “especialista”, do “líder”e do “leigo”.

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