segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Aula 11 - O meio é a mensagem

Mashal Macluhan e a escola canadiana

Marshal Mcluhan é um filósofo canadense que despontou na cena acadêmica internacional no começo dos anos 60. Sua tese principal pode ser resumida em uma frase-slogan: “O meio é a mensagem”. O texto selecionado é uma crítica ãs idéias de McLuhan, buscando entender as razões de seu imenso sucesso, principalmente nos EUA dos anos 60.

Isso significa que o, na análise de Macluhan, os efeitos de um novo meio de comunicação atingem a sociedade independentemente do conteúdo das mensagens veiculadas.Uma metáfora explica: se, numa sociedade relativamente isolada, é construída uma linha de trem, essa sociedade será modificada independentemente se o trem transportar pessoas ou carga. A vida na cidade vai mudar, não importa qual seja o “conteúdo” do trem.

McLuhan considera que a comunicação é tudo aquilo que “põe em comum”, ou seja, tudo aquilo que liga os seres humanos. Assim, uma estrada, uma ponte, uma rua, um rio navegável, todos são “meios de comunicação”.

Mas é na análise dos meios de massa que ele vai se notabilizar. Ele propõe que os meios de comunicação são “extensões” dos sentidos humanos. Assim, o jornal e os livros “estendem” a visão; o rádio “estende” a visão; A TV e o cinema estendem a visão e a audição ao mesmo tempo.

Outra expressão conhecida de McLuhan e muito lembrada atualmente é a “aldeia global”. Para McLuhan, os meios de comunicação, ao estenderem os sentidos humanos, colocam todos em contato com todos ao mesmo tempo. Podemos diariamente saber o que se passa na casa de nossos “vizinhos” africanos ou malasianos. Conhecemos os costumes europeus e assimilamos os modismos dos norte-americanos como se fossem amigos da esquina. O mundo ficou menor e mais integrado, graças à comunicação via satélite.

A percepção

O pano de fundo das principais idéias de McLuhan é uma teoria da percepção. A forma como os meios de comunicação dominantes atuam em nossas consciências é determinada pelas características técnicas destes meios, e não pelo conteúdo que propagam. Em “a Galáxia de Guttemberg”, ele faz uma leitura da história a partir dos vetores da comunicação. A imprensa, inventada por Guttemberg, modificou a maneira de pensar na Europa. Ela introduziu o pensamento linear, compatível com a leitura de textos, além de incentivar uma certa forma de argumentação com uma lógica específica. A escrita possibilitou também o armazenamento da história, criando uma “memória coletiva global” relativamente disponível a todo indivíduo alfabetizado. A própria alfabetização passou a fazer mais sentido simplesmente porque havia mais textos para ler. Com isso, há um impacto imediato na política: as idéias e os ideais passam a circular mais rapidamente, colaborando para a constituição de uma “opinião pública” mais informada. McLuhan e outros autores afirmam, por exemplo, que a Revolução Francesa seria impossível sem a descoberta da imprensa e a popularização (relativa) do texto escrito.

Atualmente, e já na época de McLuhan, o texto foi substituído pela televisão e o cinema como meios de comunicação dominantes. O resultado é o surgimento de uma cultura visual, mas também informal, focada no entretenimento. Os meios eletrônicos dispensam o raciocínio (e, muitas vezes, qualquer tipo de esforço mental). São verossímeis, ou seja, apresentam suas imagens com alto teor de credibilidade. Há também o efeito “zapping”, ou seja, a realidade aparece na televisão como uma colagem de eventos mais ou menos arbitrária. O filme sobre os pingüins da Antártida é vizinho da matéria sobre o massacre na África. Temos a percepção de que esses eventos são simultâneos e, por que o assunto não é tratado em profundidade, construímos um “mosaico de fatos” que toma o lugar da realidade.

A parte mais polêmica da obra de McLuhan é a idéia de que uma sociedade pode ser controlada, em linhas gerais, a partir de uma “dosagem correta” de certos meios de comunicação. Se as pessoas estão apáticas, vamos incentivara leitura de livros; Se estão revoltadas, mais televisão e assim por diante. Essa parte da teoria ficou defasada graças aos avanços dos meios de comunicação os quais, na prática, são ofertados 24 horas por dia e sem nenhum planejamento possível. Não há como presecrever “mais rádio” ou “menos televisão” numa sociedade saturada pelos meios de comunicação.

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